A frase “Pedir e recebereis”, proferida por Jesus no Evangelho, é uma das promessas mais consoladoras que encontramos nas Escrituras. Esta expressão, que nos é apresentada em Mateus 7,7, convida-nos a refletir sobre a natureza da oração, a nossa relação com Deus e a confiança que devemos ter em Sua providência. Nesta catequese, exploraremos o significado desta frase à luz da doutrina católica, analisando o contexto bíblico, suas implicações e a importância da fé e da ação de graças na nossa vida espiritual.
1. O Contexto Bíblico
No Sermão da Montanha, Jesus ensina a multidão sobre diversos aspectos do Reino de Deus e da vida cristã. Em Mateus 7,7-11, Ele diz: “Pedi, e vos será dado; buscai, e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á. Porque todo aquele que pede, recebe; e quem busca, encontra; e a quem bate, abrir-se-lhe-á.” Esta passagem é uma reafirmação da bondade de Deus, que é comparado a um pai que não negaria um bom presente a seus filhos.
Este ensino é profundamente enraizado na tradição judaica, onde a relação entre Deus e o ser humano é vista como uma relação de proximidade e cuidado. O Salmo 34,18 nos lembra que “perto está o Senhor dos que têm o coração quebrantado, e salva os contritos de espírito”. Essa proximidade é um convite à oração, à confiança e à entrega.
2. A Oração como Ato de Fé
A oração é um elemento central na vida cristã e um meio pelo qual nos comunicamos com Deus. Quando Jesus nos exorta a pedir, Ele não está apenas encorajando um ato de súplica, mas também nos convidando a aprofundar nossa relação com o Pai. O Catecismo da Igreja Católica nos ensina que a oração é “a elevação da alma a Deus” e que “é um ato de fé” (CIC 2559).
Pedir a Deus implica reconhecer nossa dependência d’Ele e nossa necessidade de Sua graça. Em Filipenses 4,6-7, Paulo nos instrui: “Não andeis ansiosos de coisa alguma; antes, em tudo, sejam conhecidas as vossas petições diante de Deus, pela oração e súplica, com ação de graças.” Aqui, a oração é apresentada não apenas como um pedido, mas também como um ato de gratidão, indicando que devemos sempre reconhecer as bênçãos que já recebemos.
3. Acondicionantes ao Pedido
Embora a promessa de Jesus seja clara, é essencial entender que a eficácia da oração também depende de alguns condicionantes. Em primeiro lugar, é necessário que nossos pedidos estejam alinhados com a vontade de Deus. Em 1 João 5,14, lemos: “E esta é a confiança que temos nele: que, se pedirmos alguma coisa, segundo a sua vontade, ele nos ouve.”
Além disso, a oração deve ser feita com um coração puro e em espírito de humildade. Tiago 4,3 adverte: “Pedis e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites.” O pedido deve ser orientado não apenas para o nosso benefício, mas também para o bem dos outros e a glória de Deus. Portanto, é crucial que nossos pedidos reflitam um coração que busca a santidade e o bem comum.
4. A Importância da Ação de Graças
Como mencionado anteriormente, a oração deve ser acompanhada de ação de graças. Agradecer a Deus pelas bênçãos recebidas é uma forma de reconhecer Sua bondade e fidelidade em nossas vidas. Em Colossenses 3,17, Paulo nos exorta: “E tudo quanto fizerdes, seja em palavra, seja em ação, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai.” A ação de graças é, portanto, um reconhecimento contínuo da presença de Deus em nossas vidas.
A prática da gratidão também tem um impacto transformador em nossa vida espiritual. Ao invés de nos concentrarmos apenas nas nossas necessidades, a gratidão nos ajuda a ver o quanto já temos e a reconhecer as pequenas e grandes bênçãos diárias. Isso não apenas nos aproxima de Deus, mas também nos torna mais conscientes das graças que nos cercam.
5. Exemplos Bíblicos de Oração e Resposta
A Bíblia está repleta de exemplos de pessoas que pediram a Deus e receberam respostas às suas orações. Um dos exemplos mais emblemáticos é o de Ana, mãe de Samuel. Em 1 Samuel 1, vemos Ana angustiada, pedindo ao Senhor um filho. Sua oração foi ouvida, e Deus a abençoou com Samuel. Este relato nos ensina sobre a importância da perseverança na oração e a confiança em que Deus escuta nossos clamores.
Outro exemplo poderoso é o de Salomão, que, ao assumir o trono, pediu a Deus sabedoria para governar seu povo. Em 1 Reis 3,5-14, Deus não apenas atendeu ao pedido de Salomão, mas também lhe concedeu riquezas e honra, pois ele havia pedido algo que beneficiaria a todos. Este episódio nos mostra que, quando nossos pedidos estão alinhados com o bem maior, a generosidade de Deus se manifesta de maneira abundante.
6. O Papel da Comunidade
A oração não é um ato isolado; ela também é uma expressão da vida comunitária. A Igreja nos ensina que a oração em comunidade fortalece nossa fé e nos une como Corpo de Cristo. Em Tiago 5,16, somos exortados a confessar nossas faltas uns aos outros e a orar uns pelos outros, para que sejamos curados. A oração comunitária é uma poderosa forma de interceder pelos outros, e, muitas vezes, a resposta de Deus pode vir através da ação de outros membros da comunidade.
Participar de celebrações litúrgicas, como a Missa, é uma forma de expressar nossa união com Deus e com nossa comunidade. Na Eucaristia, agradecemos a Deus pelo dom da vida e pela salvação trazida por Cristo, e é aqui que encontramos uma fonte abundante de graça.
7. Conclusão: Viver a Promessa de Deus
A frase “Pedir e recebereis” é um convite a vivermos uma vida de oração e confiança em Deus. É uma chamada à ação, um lembrete da importância de nos dirigirmos a Deus em todas as circunstâncias, com corações abertos e cheios de gratidão. Ao pedirmos, devemos fazê-lo com a certeza de que Deus nos ouve e que, em Sua infinita sabedoria, Ele responderá conforme Sua vontade.
Como católicos, somos chamados a integrar essa prática em nossa vida diária, não apenas pedindo, mas também agradecendo e reconhecendo as bênçãos que nos cercam. Que possamos, em todas as nossas orações, buscar a vontade de Deus e viver em comunhão, sabendo que Ele é um Pai amoroso que deseja nos dar o melhor.
Que a prática de pedir e receber nos conduza a uma vida mais plena em Cristo, onde a oração se torne um pilar fundamental de nossa fé e nossa relação com o Senhor. Amém.
